O bronze da minha pele
O bronze da minha pele Sou da pele que suja a pureza dos teus poros Como se a tintura da minha negritude Borrace os panos que te envolvem E roubasse a tua virtude Sou o que despresas e pisas Acusado de incompetência Para que no fim do dia Eu te chame de patrão Sou a negra dos teus nervos E mãe dos teus servos Porque só assim os meus filhos te podem servir Enquanto não lhes ensinas como subir Sou a negritude do teus lábios Que cospem a feiura do teu coração Sou negra de chão É lama da minha terra que esculpiu o meu coração O bronze da minha pele É herança do berço de mãe África Que nunca irá se apagar! Texto: Laércia Rodrigues Raposo Fotografia : Carlos Manhique